o tempo urge

já não é a mesma coisa...
não sou só eu a queixar-me disso. o mundo à nossa volta sente o mesmo.
o "vir à figueira" já não significa obrigatóriamente encontrar os amigos de sempre nos sitios de sempre às horas de sempre.

à medida que o tempo passa as vidas vão-se separando, os momentos em comum vão diminuindo, cada um segue a sua vida para o seu lado e muita coisa vai ficando para trás...

as tardes nos cafés gradualmente vão passando de bastante agitadas e divertidas e inesperadas a cada vez mais combinadas, com menos gente, mais calmas e mais curtas.

o tempo urge e eu não o consigo acompanhar, pelo menos não do modo que gostava. gostava que ele parasse um pouco para poder disfrutar uma pitada mais disto ou daquilo que cada vez sinto menos, vejo menos, saboreio menos, aproveito menos.

cada vez mais os amigos são mais amigos e os conhecidos são mais conhecidos. cada vez mais se fala apenas com os que se fala sempre e se cumprimenta aqueles se cumprimenta sempre.

muitas vezes já nem se sabe bem como nem de onde nem porquê que se conhece este ou aquele indivíduo mas... cumprimenta-se!

começamos a pensar nos momentos que passámos juntos com este e aquele amigo e concluímos que este e aquela aventura que tivemos em comum foi... foi... foi quando andávamos no 9º ano ou no 8º ano e isso significa... significa que foi quase à 10 anos!

ainda me lembro dos sonhos que tinha à 10 anos atrás... ainda posso afirmar que nessa altura o meu maior desejo era ter uma mota!

era um puto...

ainda sou um puto... só que agora tenho mais 10 anos em cima... como é possível?!

o tempo passa e não pára... e infelizmente nem eu nem ninguém o consegue fazer parar...

tenho pena... muita pena...